quarta-feira, 30 de junho de 2010

Páginas da História: a campanha pelas Diretas Já

















A conquista da maioria na Câmara dos Deputados e a vitória para governos de importantes Estados nas eleições de 1982 deram um novo ânimo à oposição ao regime militar.

O grande obstáculo para a chegada ao poder era a existência do Colégio Eleitoral, com uma maioria governista no seu interior. A única alternativa seria a aprovação de eleição direta para a presidência. Uma emenda nesse sentido já havia sido apresentada pelo deputado do PMDB, Dante de Oliveira.

A emenda precisava de 2/3 dos votos do Congresso e o PDS sozinho possuía mais de 1/3 da Câmara e maioria no Senado. Somente um fato novo poderia reverter esse quadro tão adverso.

Em abril de 1983 o PMDB aprovou uma campanha nacional por eleições diretas. Em junho ocorreu o primeiro ato público em Goiás. Em novembro de 1983 realizou-se um comício na praça em frente ao estádio do Pacaembu, em São Paulo. No dia 12 de janeiro de 1984 um comício em Curitiba inaugurou a campanha suprapartidária pelas Diretas.

No dia 25 de janeiro de 1984 ocorreria um comício na Praça da Sé em São Paulo, com a participação de mais de 300 mil pessoas. A campanha ganhou as ruas, arregimentando um número crescente de partidários em todo o país, nos mais diversos setores da sociedade. Reuniram-se lideranças políticas, sindicais, eclesiásticas e estudantis. Vários artistas, jogadores de futebol e jornalistas aderiram ao movimento, que ganhava cada vez mais simpatizantes entre as camadas populares.

A campanha tomou as praças públicas. Sucederam-se manifestações em diversas capitais do país, Nos últimos cem dias da campanha mais de 8 milhões de pessoas saíram às ruas de todo o país. Eram as maiores manifestações da história do Brasil. O comício da Candelária, a 10 de abril, no Rio de Janeiro, e o do Anhangabaú, a 16 de abril, novamente em São Paulo, reuniram, cada um deles, mais de um milhão de pessoas.

A emenda “Dante de Oliveira”, pelo retorno das eleições diretas à Presidência da República, foi votada em 25 de abril de 1984. Conquistou 298 votos. Apenas 65 deputados votaram contra, mas 112 se ausentaram do plenário e a emenda não conseguiu os 2/3 necessários. Nesse dia 55 deputados do PDS votaram com a oposição.

Menos de dois meses depois da derrota da emenda das diretas, em junho, os governadores do PMDB lançaram o nome de Tancredo Neves à presidência. Grandes comícios se repetiram em todas as principais cidades brasileiras e reuniram milhões de pessoas. A grande mobilização em todo o país culminou com a eleição no Colégio Eleitoral de Tancredo Neves à presidência, derrotando Paulo Maluf, candidato da ditadura.

Em Alagoas a mobilização foi intensa. O Comitê Alagoano pelas Diretas aglutinou os mais diversos setores da sociedade na luta pelas Diretas Já. Milhares de pessoas foram às ruas nos comícios pelas Diretas.

Exercendo o mandato de deputado estadual, com caráter democrático e popular contra a ditadura, participei ativamente como parlamentar na campanha pelas Diretas Já em Alagoas, ao lado de lideranças políticas, estudantis, sindicais, de entidades como a OAB, da Igreja e a sociedade civil em geral.

Nas fotos:

- Na reunião do Comitê Alagoas pelas Diretas, Eduardo Bomfim, Jarede Viana, Geraldo Sampaio, Renan Calheiros.

- O Encontro de Avaliação do movimento, realizado no auditório da antiga reitoria da UFAL, lotado. Fotos: Ênio Lins preside a mesa que dirigia os trabalhos, Taís Normande fala aos militantes e Eduardo Bomfim dicursa.

- Ato pelas Diretas Já reúne milhares de pessoas em Maceió. Na foto, Eduardo Bomfim, Freitas Neto e Aldo Rebelo.

- Grande comício em Maceió pela eleição de Tancredo Neves no Colégio Eleitoral. Na foto: Eduardo Bomfim e Ronaldo Lessa.

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