sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Centralidades

Volto a escrever artigos para a Gazeta de Alagoas, Tribuna do Sertão e Vermelho.org; segue, como de costume, o texto na íntegra:

De volta a este espaço semanal após um breve intervalo decorrente da campanha eleitoral passo a reencontrar-me com o leitor regularmente todas as semanas. Desde logo, agradeço publicamente os quase 140 mil votos ao Senado da República nessas eleições passadas.
O que faz aumentar imensamente a responsabilidade sobre as minhas convicções porque durante o período eleitoral expressei exatamente aquilo em que acredito e se não fui mais claro sobre as minhas ideias talvez tenha sido por insuficiências próprias no diálogo com os alagoanos durante o guia eleitoral e no contanto direto com os cidadãos e cidadãs da minha terra.
Mas devo dizer que essa campanha foi de um lado uma das mais acirradas e agressivas desses últimos tempos e por outro lado transformou-se em uma batalha campal de agressões pessoais e estereótipos de toda a ordem.
A ausência de um real embate programático, com propostas e soluções, praticamente determinou o rumo e o ritmo do processo eleitoral que foi pautado pela difusão de preconceitos e baixarias de todos os tipos. E tal fenômeno explicitou-se em todos os níveis, principalmente em âmbito nacional.
A consequência da difusão de ideias retrógradas no pleito, como instrumento para desqualificar adversários, foi tão intensa que os seus efeitos colaterais se fazem sentir até os dias atuais e creio que perdurarão ainda por um bom período de tempo.
A nível nacional a abordagem de temas complexos como o aborto, por exemplo, não foi conduzido com a grandeza e a seriedade que efetivamente merecem. O resultado foi um festival de hipocrisia e falso moralismo dignos dos piores tempos obscurantistas.
Outra sequela resultante de um clima intolerante e dogmático tem sido a difusão do ódio regional como há muito não se via no Brasil.
Os nordestinos e nortistas foram e têm sido alvos de estúpidos ataques nitidamente segregacionistas e racistas por parte de uma minoritária e arrivista elite, mais especificamente a paulista.
O que transparece é que ela, mais uma vez ao longo da nossa recente História nacional, sente-se incomodada em pertencer à condição de ser brasileira. Ora, essa é uma antiga e recorrente manifestação dos quatrocentões da paulicéia.
Por isso é que se impõe a necessidade da abordagem teórica e política da unidade nacional e a sua centralidade, como algo indeclinável à sobrevivência da nossa integridade cultural e territorial enquanto nação.

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