sábado, 13 de agosto de 2011

Do multiculturalismo à aculturação

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho e na Tribuna do Sertão:


Os fenômenos sociais, políticos e econômicos provocados pela atual crise financeira do capital internacional já são de abrangência global e de gravíssimas consequências. Seu epicentro deu-se nos Estados Unidos, espalhou-se pela Europa e Ásia, mas afetará em maior ou menor escala todos os outros continentes.

Nesta quarta-feira a França, uma das economias centrais da comunidade europeia ao lado da Alemanha e do Reino Unido, sofreu violento ataque especulativo expondo o tamanho do rombo da sua dívida pública com imprevisíveis reflexos na descida ladeira abaixo da economia no velho continente.

Tudo isso com a grande mídia hegemônica internacional, bem ao estilo do senhor Murdock, o todo poderoso mega-empresário multimídia e os seus poderosos órgãos de comunicação espalhados pelo planeta, tentando minimizar ou tergiversar sobre esses acontecimentos de extraordinária gravidade que terão reflexos em todos os Países, cidadãos e trabalhadores deste planeta.

Algumas coisas podem ser tidas como inevitáveis nos próximos dias, em algumas semanas ou meses. Por exemplo, a Alemanha, a França e a Grã-Bretanha vão seguramente ser atingidas em cheio por esse cataclismo financeiro e a crise será ainda mais extensa e profunda.

A outra questão é o violento impacto social que essa crise sistêmica do capital provoca por onde vai passando. Os levantes populares que estão sacudindo e incendiando Londres e a periferia de outras cidades inglesas, com milhares de presos e várias mortes, não resultam de “lutas étnicas” como distorce a grande mídia hegemônica mundial.

Eles são consequência direta do desemprego generalizado e da situação deprimente em que se encontram os trabalhadores imigrantes na Inglaterra e em toda a Europa. As revoltas na Inglaterra possuem as mesmas raízes dos levantes de trabalhadores estrangeiros em Paris há poucos anos atrás e devem se estender por quase todos os grandes centros europeus.

Esses trabalhadores imigrantes são africanos, turcos, árabes, latinos como Jean Charles, o brasileiro fuzilado no metrô de Londres, na paranoia dos efeitos colaterais das agressões imperialistas.

Estão submetidos a péssimas condições de vida e aculturados, uma força de trabalho aviltada e globalizada na centralização e expansão do capital internacional. São os personagens desse apartheid “civilizado e pós-moderno” da doutrina do multiculturalismo. E os que criaram essa doutrina agora vão extinguindo-a ao porrete e à bala.

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