sexta-feira, 29 de junho de 2012

Acontecimentos insólitos

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão, no Almanaque Alagoas, no Tribuna do Agreste e no Santana Oxente:


O surgimento de episódios políticos característicos de tentativa de desestabilização da atual realidade geopolítica regional deve aumentar a preocupação de todos os interessados no desenvolvimento econômico, na soberania dos Países da América do Sul.

O crescimento de bases militares norte-americanas na região, especialmente na Colômbia, sob o pretexto de combater as plantações de cocaína, só consegue enganar os ingênuos porque setores do sistema financeiro internacional, inclusive dos Estados Unidos, têm sido os principais beneficiários de lucros estratosféricos do narcotráfico internacional através da lavagem desses recursos.

O responsável por essa afirmação é o Gabinete de Drogas e Crime das Nações Unidas conhecido pela sigla ODC que revela dados surpreendentes como por exemplo, o fato de que durante essa crise econômica global entre 2008 e 2009 cerca de 352 bilhões de narcodólares foram injetados em grandes bancos mundiais para evitar problemas de escassez e liquidez.

Um outro relatório indica que a heroína vem inundando atualmente a União Europeia e a Rússia, proveniente do Afeganistão, o maior produtor global de opiáceas, principalmente durante o período de intervenção militar americana naquele País.

O mesmo dossiê aponta que os fluxos totais de dinheiro "sujo" do crime organizado transnacional é de mais de 1 trilhão de dólares ou 1,5% do PIB global, sendo que 70% desse montante é lavado através de instituições financeiras, sendo os EUA os maiores consumidores de drogas pesadas do mundo.

Como a maior potência militar da Terra, detentora de recursos tecnológicos, satélites de alta precisão capazes de detectar uma pessoa de bicicleta numa rua em qualquer aldeia remota do mundo, não consegue detectar ou dizimar extensas plantações de drogas ?

Por que essa mesma incrível malha de inteligência, repressão seletiva e de massas, presente hoje em todos os lugares do planeta, não tem êxito contra o dinheiro "sujo" que circula em organizações financeiras globais, várias dos Estados Unidos ?

O aumento de bases norte-americanas na Colômbia, a sucessão de eventos exóticos, acontecimentos políticos insólitos em vários Países possuem a clara intenção de circundar militarmente o continente e a área Amazônica, desestabilizar nações em uma região que vem afirmando gradativamente independência e soberania aviltadas durante séculos.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Tempos voláteis

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão, no Almanaque Alagoas, no Tribuna do Agreste e no Santana Oxente:


A profusão de pseudomovimentos que emergem à luz da vida social incentivada pela grande mídia hegemônica mundial refletindo-se quase que instantaneamente nas avenidas das principais cidades brasileiras é o novo fenômeno dos dias atuais deixando a inequívoca impressão de uma produção laboratorial.

A grande maioria dessas atividades públicas cobertas entusiasticamente por esse complexo midiático hegemônico possui um ponto em comum, a ausência de um espírito maior e universal com relação à coletividade geral, o que nos conduz a uma leitura de que cada um deve cuidar do seu interesse restrito ou do círculo das suas afinidades seletivas.

Tudo isso pode ser traduzido como apologia a um individualismo egocêntrico de grupo, típico das épocas em que a humanidade ainda estava subdividida em comunidades tribais, e seguramente essa é a filosofia que se encontra subjacente.

Na verdade corre-se mesmo é o risco da abdicação coletiva sobre o destino da nação para indivíduos ou grupos com interesses forâneos enquanto esses movimentos irrompem aqui e ali tendo horizontes absolutamente limitados, desconexos e fragmentados.

A impressão que também se forma é que há uma espécie de supermercado ideológico com as prateleiras abastecidas de variadas "causas", a maior parte importada, sempre sob os auspícios de ONGs robustamente subsidiadas especialmente pelos Estados Unidos e Grã Bretanha.

Zygmunt Bauman, sociólogo polonês que tem estudado o comportamento das sociedades sob a matriz totalitária da nova ordem mundial e as suas consequências, considera que a resultante destes tempos de cultura política volátil é a desintegração da solidariedade nacional e o recuo da interação nas comunidades soberanas.

Mas a real natureza do capital global, a crueldade nessa desordem mundial do lucro ensandecido sem fronteiras, especialmente a atual crise financeira do capitalismo, vão trazendo as pessoas à realidade concreta.

Demonstrando a necessidade da organização e ampla união das grandes maiorias em torno das bandeiras fundamentais ao desenvolvimento e progresso dos povos, nações, a defesa dos direitos gerais e individuais tão aviltados na atualidade.

Porque o crescimento econômico saudável reivindica a reconfiguração dos grandes espaços nacionais de participação coletiva, a retomada da solidariedade social ativa, essencial para se construir um mundo melhor.

Evo: Economia verde é mais uma forma de colonialismo

Contundente discurso de Evo Morales na Rio +20:


Aplaudido três vezes pela plateia presente na conferência dos chefes de Estado na Rio+20, o presidente boliviano Evo Morales criticou nesta quinta-feira (21) o sistema capitalista e o conceito de economia verde, que classificou como um novo termo para fazer prosperar o colonialismo. Ele ressaltou ainda a importância de os recursos naturais dos países não ficarem nas mãos de empresas privadas e, sim, sob o comando do Estado.

"Sinto informar que analisei com seriedade e acompanhei o que convencionou se chamar de economia verde. Isso não passa de um novo colonialismo para submeter os povos mais pobres ao capitalismo. Vamos refletir sobre isso. Se queremos que esse evento seja histórico, não temos outra alternativa a não ser acabar com essas políticas do lucro, acabar com o humanicídio", afirmou.

“A economia verde coloniza e privatiza a biodiversidade a serviço de poucos. Verticaliza os recursos naturais e transforma a natureza em uma mercadoria. Converte todas as fontes da natureza em um bem privado a serviço de poucos”, condenou.

Segundo Morales, é preciso acabar com o modelo econômico capitalista como forma de garantir o futuro do planeta. "Seria importante refletir sobre as gerações futuras, acabando com esse modelo de saques, de depredação dos recursos naturais, acabar com o capitalismo".

Morales acusou os países mais ricos de quererem obrigar os países do Sul a serem os guardiões pobres das florestas e afetarem sua soberania ditando como devem utilizar seus recursos naturais. “Querem criar mecanismos de intromissão, para julgar e monitorar nossas políticas nacionais com argumentos ambientalistas”, declarou.

"A indústria do norte transforma tudo em algo a ser vendido. Privatiza a riqueza e socializa pobreza. Usurpa a natureza, que é a herança comum de todo ser vivo", disse ao citar o líder cubano Fidel Castro.

Ele lembrou a realização da Eco-92, a conferência da ONU sobre meio ambiente realizada há 20 anos no Rio de Janeiro, e citou o discurso de Fidel no encontro. "Como um homem muito sábio que é, ele nos disse na época: 'vamos acabar com a fome e não com o homem, paguemos a dívida ambiental e não a dívida externa'. Se passaram vinte anos e ainda precisamos deixar de lado a dívida imposta pelo modo capitalista", afirmou.

Ao destacar que hoje é feriado na Bolívia para comemorar o festival do Sol, em uma homenagem à natureza, Morales criticou a privatização dos recursos naturais. "O sistema imperialista extrai cada recurso natural e transforma em um negócio, em lucro. O faz com visão de curto prazo, de privatização dessa riqueza para garantir mais ganhos. Colonializa a natureza, transformando uma fonte de vida em ativo privado para benefício de poucos".

O presidente também citou como exemplo a política adotada em seu país de nacionalizar os recursos naturais, antes nas mãos de grandes conglomerados internacionais, como o setor de petróleo. "Nossa economia mudou após recuperarmos a posse dos combustíveis fósseis. Com todo respeito, os países da África e todas as nações pobres precisam fazer o mesmo, precisam recuperar seus recursos naturais, que não devem ser de posse dos negócios privados", disse ao citar que na Bolívia os servidos de telefonia e água foram nacionalizados. "Isso é obrigação do Estado, não é um negócio internacional", completou.
 
No Vermelho com Agências.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Vocação destrutiva

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão, no Almanaque Alagoas, no Tribuna do Agreste e no Santana Oxente:


Quando da iminência da Segunda Guerra Mundial, Winston Churchill, primeiro ministro inglês, concluiu que uma das causas responsáveis pelo surgimento do nazismo foram os pesados tributos de guerra decorrentes da Primeira Guerra Mundial cobrados à Alemanha derrotada.

Na realidade houve uma outra razão mais consistente que a reparação financeira que coube aos alemães pela responsabilidade do primeiro conflito militar em escala global da era moderna, foi a disputa do capital germânico pela hegemonia imperialista internacional cujas consequências redundaram nas duas carnificinas humanas nunca antes vistas.

Nos tempos atuais, promove-se uma sistemática lavagem cerebral exercida sobre os povos através de formidável complexo midiático hegemônico planetário a serviço do capital financeiro global, dos novos centuriões imperiais, os Estados Unidos, e potências menores, reeditando, sob novo cenário histórico, a fúria enlouquecida pelo lucro, responsável pelas duas grandes guerras mundiais.

Só que desta vez não existe uma contradição inter-imperialista determinante como antes mas a ação unilateral de um gigantesco império e seus satélites contra o resto da humanidade, construindo suas rotas de expansão, semeando guerras regionais, catástrofes lavadas em sangue, nomeando inimigos por todas as partes.

O poderio é de tal magnitude que enquanto o capital financeiro conduz a humanidade a uma brutal crise econômico-financeira, cuja bola da vez são as nações europeias subordinadas à estratégia recessiva alemã, os EUA cuidam de atear fogo no planeta e vão circundando militarmente as nações emergentes especialmente a China e a Rússia.

E em meio a um planeta marchando a passos largos para uma espécie de conflito militar global de novo tipo, o capital financeiro, os Estados Unidos, ainda submetem às nações uma agenda social global fragmentária, artificial e diversionista.

Mas também é verdade que vai se aprofundando o abismo entre os povos de um lado e o apetite insaciável desse capital global, além da repulsiva e ensandecida expansão imperial.

A vida vai demonstrando que a vocação para a "criação destrutiva" da nova ordem mundial aniquila as liberdades, produz a barbárie, esmaga os países, exigindo resistência para ser superada por outro tipo de civilização que assegure a soberania das nações, a emancipação social, os direitos dos cidadãos.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

O meio ambiente da pobreza

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão, no Almanaque Alagoas, no Tribuna do Agreste e no Santana Oxente:


O poder de fogo do complexo midiático hegemônico internacional associado às instâncias da governança global continua a fazer das suas e a ditar uma plataforma social na maioria dos Países através de várias instituições mundiais que por sua vez demonstram profunda dependência aos interesses do capital financeiro.

A chamada questão ambiental é um dos exemplos dessa constatação feita por um número cada vez mais expressivo de cientistas, jornalistas, acadêmicos e ativistas políticos de quase todos os Países.

Porque há uma agenda ideologizada transmitida à opinião pública desconsiderando o intenso debate, as profundas divergências no mundo científico acerca do chamado aquecimento da Terra em decorrência da emissão de gás carbônico na atmosfera.

Na verdade trata-se de uma campanha política, tendo como um dos seus cruzados o ex-vice-presidente dos Estados Unidos, Al Gore, para alavancar o florescente capitalismo verde, novo segmento do grande capital financeiro.

Que vem movimentando crescente fortuna, ocupando espaço cada vez maior nas diretrizes da nova ordem mundial, além de promover um agressivo movimento contrário ao desenvolvimento dos Países emergentes e das nações mais pobres.

A campanha sobre o dito aquecimento global, locomotiva dos ambientalistas santuaristas, investe contra o Brasil e a floresta amazônica, a maior reserva florestal do mundo, além de fomentar intensas e perigosas articulações visando a sua internacionalização.

Mas na essência a grande tragédia ambiental do País, e outras nações emergentes, está mesmo nas ruas da lama e da fome, nas condições sub-humanas das poluídas cidades brasileiras, pequenas, médias ou grandes.

Na ausência de saneamento, nos esgotos a céu aberto correndo invariavelmente para os rios, riachos, lagoas, desembocando inclusive na orla marítima, degradando enormes extensões.

E infectando terrivelmente os espaços urbanos, imensos criatórios de doenças contagiosas, matando anualmente milhares de homens, mulheres e crianças, reintroduzindo nas comunidades epidemias que antes estavam debeladas.

As mais graves chagas ambientais do Brasil atual ainda são semelhantes àquelas denunciadas por Josué de Castro há décadas, a pobreza, a marginalidade das grandes maiorias periféricas. Coisa que não interessa ao Greenpeace ou ao britânico WWF (Fundo Mundial para a Natureza).

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Violência, droga e criminalidade

Meu artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no Vermelho, na Tribuna do Sertão, no Almanaque Alagoas e no Tribuna do Agreste:


Há três meses Auriceia, mãe de família, moradora de um bairro popular da capital levou um tiro na cabeça, entrou em coma e faleceu nessa terça-feira passada. Sábado o médico José Alfredo foi assassinado quando passeava com a sua bicicleta pelo corredor Vera Arruda na orla marítima, região nobre de Maceió.

Esses são dois exemplos trágicos, mas há um rosário imenso de ocorrências criminosas que se estendem por todo o Estado cujas vítimas principais são os cidadãos, atingindo também bancos, repartições públicas e estabelecimentos comerciais.

O veredicto consensual da população é que o Estado vem perdendo vertiginosamente a batalha contra a violência, a criminalidade desenfreada e o sentimento é o do terror coletivo, a certeza que todos somos vítimas ou porque já fazemos parte das frias estatísticas ou estamos sob perigo iminente.

Assim, ficamos submetidos à banalização da criminalidade e se instaura um forte temor na coletividade fruto do clima de insegurança que atinge a sociedade alagoana quase sem distinção de classes.

Por outro lado estudos demonstram que entre as principais causas da escalada da criminalidade em Alagoas, além das graves e históricas distorções sociais, desenvolvimento econômico insuficiente dificultando a modernização da estrutura produtiva por anos a fio, há um novo ingrediente extremamente maligno.

Esse catalisador da barbárie tem sido o crack, movimentando fortunas, fabricando dependentes químicos induzidos à paranoia, que cresce em escala geométrica, multiplicando criminosos, semeando a morte.

É um cenário que também cobre todo o território brasileiro que vive um processo de crescimento econômico estabanado, sem a construção de valores culturais, ideológicos, espirituais, onde se alastra o individualismo absoluto, a competição louca e propaga-se a ideia do "sucesso na vida" através do dinheiro fácil.

É um tecido social sem defesas morais, o que facilita a apologia do bizarro e da violência cujas vítimas têm sido a maioria da população, encontrando em Alagoas um elo débil, propiciando o avanço galopante do narco-crack.

Caso o governo do Estado não adote medidas severas resgatando os espaços perdidos para a droga, a criminalidade, a tendência será o surgimento em Alagoas de fenômenos típicos de uma sociedade encolerizada buscando outras formas de segurança e até de justiça paralela.